Jane Assunção

20 setembro, 2023

Transtorno De Pânico



Como sei se estou tendo uma crise de Pânico?


 O pensamento principal no transtorno de Pânico é: “estou perdendo o controle”.

É uma ansiedade referente ao que está acontecendo com seu corpo, um medo das próprias sensações e emoções. A pessoa sente falta de ar, taquicardia, sufocamento, e muitos outros sintomas físicos, e tem a sensação de que isso vai piorar e ela vai morrer. É um medo de ataque cardíaco, colapso nervoso ou medo de ficar louco. É necessário ir ao médico, pois pode ser algo real, então precisa descartar esta hipótese. Cada pessoa tem um gatilho para desencadear o ataque de Pânico, alguns exemplos: entrar em elevador, ou em locais lotados, ficar em pé em locais alto, até mesmo nuvens no céu pode ser motivo para pânico. Daí você pensa: elevador como gatilho, isto não é Fobia Específica? Neste caso a Fobia Específica desencadeia o Transtorno de Pânico, não é só o medo do elevador, mas agora entra o medo de sintomas físicos junto com o medo do elevador. Então um tipo de fobia pode levar ao transtorno de pânico.

Uma pessoa com transtorno de Pânico pode ter outros tipos de ansiedade, um transtorno pode levar a outro, se alguém tem fobia social, por exemplo, pode desenvolver o transtorno de pânico porque começa a ter sintomas físicos, então o medo de que os sintomas piorem ou que a pessoa morra, faz com que a pessoa mude de um transtorno para outro.

Superando o Transtorno de Pânico

 Após verificar que não tem problemas de saúde, você pode diminuir o medo de sintomas físicos usando técnicas como de respiração, tensão muscular, entre outras. Se você tem a sensação de que está ficando sem ar e irá morrer por falta dele, você pode começar aprendendo a observar sua respiração sem tentar controlá-la, e verificará que está tudo bem. Seus batimentos cardíacos também podem aumentar se subir correndo alguns degraus, e ao observar suas reações físicas poderá perceber que se trata apenas de reações naturais do seu corpo e não uma morte iminente. Ou seja, um ataque de pânico normalmente é um resultado de uma excitação não apresentando perigo. É natural que uma situação assustadora possa causar sintomas de tontura ou falta de ar, portanto trata-se de reações normais do corpo.

Mesmo sendo muito desagradável a ansiedade é temporária e não mata, e quando se evita as situações que geram este transtorno, se reforça o pensamento de medo do cenário constrangedor, fazendo a pessoa evitar situações que cause ansiedade, portanto parar de acreditar neste pensamento ansioso poderá libertar a pessoa para praticar a exposição ao medo. Portanto se uma pessoa tem transtorno de pânico e quer mudar esta situação é necessário primeiro querer a mudança, em seguida buscar pensamentos alternativos como perceber que os ataques de pânicos duram apenas alguns minutos e desaparecem sozinhos. Observe as sensações de seu corpo como as tensões musculares, movimentos respiratórios e as batidas do coração, não julgue, não controle, perceba que é apenas o momento presente. Pratique respiração lenta e foque sua atenção em outras coisas, objetos, cores, plantas, arquitetura, tirando o foco do pensamento ansioso.

Saiba mais sobre ansiedade clique aqui

Escrito por: Jane Assunção Paparotti Queirós

Psicóloga CRP 06/157932

Este texto foi escrito com base no livro:

Leahy R.L. Livre-se da ansiedade, Porto Alegre, Artmed, 2011

 

20 setembro, 2023

Características de quem está com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).


 Uma pessoa com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é como se tivesse uma lista interminável de preocupações, tudo é motivo para se preocupar. Se você perguntar a ela com o que está se preocupando agora, ela pode te responder: É mais fácil você me perguntar com o que não me preocupo. As preocupações são tantas que afetam vários pontos da sua vida, tais como: profissional, afetiva e pessoal. A pessoa nunca parece estar despreocupada, segura ou confiante. Na área profissional pode estar sempre preocupada em perder o emprego ou achar que não vai conseguir terminar um trabalho, ou ainda que nunca estará bem-feito o que fez, além de pensar que se perder o emprego não conseguirá encontrar outro. Financeiramente acha que nunca conseguirá pagar todas as contas, e com isso pode perder totalmente o controle, e daí aquilo que prevê acontece, não consegue pagar as contas em dia, virando uma bola de neve, a ansiedade é tanta que não consegue refletir com sabedoria sobre como resolver a situação. Se uma pessoa está fora de casa pode ficar preocupada se algo ruim pode acontecer com a pessoa que está ausente. Se a situação for com doença, acha que não terá cura ou que vai piorar, ou pode achar que o medicamento não fará efeito. Estes são alguns exemplos de uma pessoa com transtorno de ansiedade generalizada, e para piorar a situação, muitas destas pessoas não tem foco em solução, seu foco são os problemas, acham que se pensar muito no problema conseguirá resolver, mas o que uma pessoa ansiosa deveria fazer é pensar em como resolver a situação. Estas pessoas têm muitas dificuldades de entender o que é foco em solução, e precisam de treino para mudar a forma de pensar e focar em solução, pois acham que quando estão focadas no problema, estão pensando em solução, mas infelizmente não entendem a diferença entre uma coisa e outra. Além das situações apresentadas há uma tendência a insônia, pois as preocupações não permitem que a pessoa consiga dormir bem.

Como estas pessoas com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ficam tensas, não conseguem dormir e dificilmente conseguem ficar tranquilas, costumam ter sintomas físicos como: dores ou tensão muscular, dor de cabeça, fadiga, indigestão, tonturas, falta de ar. Então as dores físicas, por causa da ansiedade, pode virar crise de pânico, porque a pessoa começa a sentir problemas no corpo, então aquilo que era um TAG passa a ser também transtorno de pânico por estar sentindo sintomas físicos no corpo, pensando ser algo mais sério.

Pessoas muito ansiosas, com TAG, muitas vezes demoram para buscar ajuda, seja de um médico ou de um psicólogo, por isso elas podem achar que tem algo de errado acontecendo em seu corpo, então buscam ajuda médica, então chegando lá não tem nada físico. As sensações físicas são diagnosticadas como Transtorno de Ansiedade Generalizada, pois ao se fazer uma bateria de exames, nada físico é identificado. Pesquisas divulgam que 75% das pessoas que buscam a Terapia Cognitiva Comportamental conseguem viver melhor, ou seja, podem melhorar sua forma de perceber as situações, com maior flexibilidade de pensamento nas situações que lhe causa ansiedade.

  

A ansiedade pode levar uma pessoa para o Pronto Socorro?

 Tanto o Transtorno de Ansiedade Generalizada como o Transtorno de Pânico podem levar uma pessoa ao hospital. Isto pode acontecer porque a pessoa sente fisicamente sensações em seu corpo que podem ser confundidas com ataque cardíaco, por exemplo, tem pessoas que tem falta de ar tão intensa que se sentem sufocadas e precisam ir ao hospital para descobrir que se trata de TAG e não de problemas pulmonares. Lá no hospital após exames o médico pode confirmar que não há nada físico, então é comum que a pessoa saia com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Transtorno de Pânico, conforme a análise do médico, além deste diagnóstico é indicado que o paciente busque ajuda psicológica e psiquiátrica. Como descrito anteriormente, é importante ter uma avaliação médica, pois além de verificar o que está acontecendo de fato, o médico pode fazer os encaminhamentos necessários e descartar a hipótese de algo físico.

 

Consequências do Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Uma pessoa muito ansiosa pode desenvolver diversas doenças, pois seu corpo se mantém tensionado por muito tempo, além de poder ter insônia, pois tanto o sono como manter-se relaxado, são fundamentais para a saúde física e mental.

O transtorno de ansiedade generalizada pode fazer com que a pessoa desenvolva o hábito de tomar medicamentos para insônia, para relaxamento muscular entre outros objetivos, desenvolvendo a dependência destes medicamentos para se sentir melhor.

Outros, tentam amenizar os sintomas ansiosos no cigarro, na bebida, nas drogas, ou na comida, desenvolvendo compulsões como comer sem controle, ou usando substância compulsivamente, perdendo o controle de suas ações.

Muitas pessoas que tem preocupação excessiva evitam as situações que causam ansiedade, então estas pessoas podem se perguntar o que estão evitando e porque, como por exemplo: evitando ambientes que se encontram determinadas pessoas ou evitam falar com pessoas específicas como um chefe, um colega de trabalho ou de escola, procurar emprego conforme sua capacidade, aprender novas habilidades, se inscrever em um curso técnico ou fazer uma faculdade, além de evitar se reeducar ou pensar diferente com novas possibilidades de reflexão.

O transtorno de ansiedade generalizado pode estar paralisando esta pessoa, pois o medo do futuro piora o desempenho, atingindo menos objetivos, diminuindo inclusive a possibilidade de ser uma pessoa sociável, desta forma aquilo que a pessoa pensa a respeito de determinada situação se concretiza, pois nada foi feito para mudar a situação, embora a pessoa pensa que fez alguma coisa, se verificar com cuidado verá que não teve ações na busca de soluções, então  a falta de solução piora a ansiedade.

A preocupação precede a depressão, em muitos dos casos, portanto a chance de desenvolver uma depressão aumenta para as pessoas ansiosas. Esta depressão é sinalizada por pessimismo, pensamentos voltados para o lado negativo não percebendo o que tem de bom em nada que participa, falta de confiança e dificuldade em fazer coisas que tragam relaxamento e prazer.

A falta de enfrentamento vai diminuindo a motivação, pois quando não há o enfrentamento as dificuldades tendem a não serem resolvidas e se acumulam com outras que vão aparecendo, desanimando a pessoa ansiosa, virando um círculo, pois não se resolvendo a situação, cria-se o desânimo que diminui a motivação para a resolução. Assim a depressão vai se instalando gradativamente, sem que a pessoa perceba, e só quando já estiver bem desenvolvida a pessoa procurará ajuda que normalmente vai em busca de ajuda para os sintomas físicos e não das dificuldades psicológicas. Estas pessoas demoram para buscar ajuda por pensar que se trata de preocupações cotidianas, não entendendo que se tratar de transtorno de ansiedade generalizada, e quando buscam ajuda percebem que já estão nesta condição faz muitos anos.

Para finalizar, as consequências da ansiedade, é viver sempre fora do lugar, ou seja, quase nunca se sente no momento presente, não se permite permanecer e observar a sua volta, não se permite perceber o que está acontecendo aqui e agora, o pensamento desta pessoa ou está no passado do que aconteceu ou no futuro do que possa acontecer.

O que é bom saber, é que 75% das pessoas que buscam ajuda para o TAG na Terapia Cognitiva Comportamental conseguem melhorar significativamente sua ansiedade.

Técnicas para diminuir o Transtorno de Ansiedade Generalizada

Há várias técnicas de relaxamento que uma pessoa ansiosa pode praticar, tem técnicas de respiração, relaxamento muscular progressivo, hipnose terapêutica, além de praticar yoga ou fazer exercícios físicos que também podem diminuir as tensões musculares.

Praticar a flexibilização do pensamento, perceber os pensamentos ansiosos verificando como uma pessoa não ansiosa pensaria ou enfrentaria a situação que gera ansiedade.

Ter ação em busca de soluções, enfrentar as situações que causa ansiedade, cada ação finalizada é uma preocupação a menos. Desenvolver uma lista de tarefas que precisa executar, incluindo os enfrentamentos de situações que causa ansiedade.

As pessoas com transtorno de ansiedade generalizada podem se perguntar:

O que de pior pode acontecer? E se acontecer o pior, como posso enfrentar esta situação? Quais recursos tenho para este enfrentamento? Estou focando na solução ou no problema e como faço isso?

Qual a chance de acontecer o pior e qual a chance de acontecer o melhor?

Existem outras técnicas para o transtorno de ansiedade generalizada, foi listado aqui apenas algumas delas.

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Escrito por: Jane Assunção Paparotti Queirós –

Psicóloga CRP 06/157932

Este texto foi escrito com base no livro:

Leahy R.L. Livre-se da ansiedade, Porto Alegre, Artmed, 2011

 

20 setembro, 2023


Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC



Explicando o TOC.

No Transtorno Obsessivo Compulsivo, a palavra obsessão se refere aos pensamentos, impulsos ou imagens que vem à mente. Tem aí uma perturbação, porém a pessoa tem consciência que está sendo perturbada, então pode pensar que está ficando louca, mas a pessoa considerada “louca”, não tem consciência do que é real ou não, por isso não se pode considerar loucura uma pessoa com TOC, pois ela tem consciência do que está acontecendo.

Esta pessoa tenta eliminar o pensamento perturbador, então vem a compulsão que são os comportamentos repetitivos, como por exemplo: lavar muitas vezes as mãos, acumular coisas, verificar muitas vezes se a porta está fechada, colocar as coisas simetricamente, usar determinadas roupas ou cores, e assim vai.

A pessoa com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) nunca se sente satisfeita, nada é suficiente. Pensa demais, tem comportamentos compulsivos exagerados. Tudo que se faz para esta pessoa não é suficiente. Daí vem o consumo exagerado de comida, drogas, álcool, limpeza exagerada, acúmulos de objetos, compras compulsivas.

Há situações deste transtorno que passam despercebidas, como é o caso de pessoas com exageros no consumo de alimentos, medicamentos, acúmulo de coisas, mas acham que não tem este transtorno, são casos que podem ser diagnosticados como TOC. Para se ter um diagnóstico correto, é necessário que um médico avalie o caso, então as vezes uma pessoa da família tem o diagnóstico do transtorno obsessivo compulsivo e outros não, embora também outras pessoas desta família possam ter o transtorno obsessivo compulsivo e não sabem.

Então os pensamentos obsessivos levam aos comportamentos compulsivos. A pessoa tenta eliminar os pensamentos com os comportamentos repetitivos, é neste momento que entra a intervenção de um psicólogo, é necessário desafiar os pensamentos intrusivos, isto pode ser feito, deixando-os na mente, convivendo com estes pensamentos e entendendo que vão estar ali, mas não precisam ser ordem de comando, podem ser como alguém intruso que querem ditar ordens, mas você não precisa obedecer. Muitas pessoas têm um pouco de pensamentos obsessivos e até compulsão, mas elas entendem se tratar apenas de um pensamento e que não é real, então continuam a vida normalmente, ou seja, elas desafiam este pensamento da seguinte forma: “Ah! Isto é apenas um pensamento sem fundamento, vou ignorar” e seguem sem aceitar aquele comando perturbador.

Tipos de pensamentos de pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo.

As pessoas com TOC costumam ter pensamentos como as outras, mas elas pensam que seus pensamentos são estranhos, imaginam que só elas pensam daquela forma, então ficam achando que tem algo errado em seus pensamentos. Porém todos podem ter pensamentos “estranhos”, mas quem não tem obsessão vai achar que é só um pensamento diferente e sem razão de existir que passou em sua mente, podendo inclusive dar risada daquele pensamento.

Estas pessoas com pensamentos obsessivos imaginam que seus pensamentos são perigosos, e exatamente por este motivo querem controlar o que estão pensando, pois pensam que se não o fizer poderá ter consequências muito danosas. Desta forma o outro pensamento obsessivo é o de controlar os pensamentos ruins, querendo impedir que estes entrem em sua mente, e ficam gastando energia presumindo que tendo disposição, se esforçando e monitorando sua forma de pensar, poderá influenciar o tipo de pensamento que terá.

A perfeição é outro ponto importante de pessoas com TOC, não se permite cometer erros, e o menor sinal de algo que possa dar errado pode gerar total falta de controle, pensando que tudo será perdido e nada se salvará. Este pensamento pode estar relacionado com o trabalho, as relações afetivas, a segurança pessoal, entre tantos outros fatos.

O senso de responsabilidade também pode ser algo muito forte no pensamento obsessivo da pessoa com TOC, achando que qualquer coisa que possa sair do normal é de total responsabilidade dela.

Da mesma forma, a necessidade de confirmação e certeza de cada situação angustiante é outra característica no pensamento obsessivo de quem tem TOC, pois imagina que o controle pode ser exercido a partir da certeza sobre alguma coisa.

É importante saber que por mais que se tente controlar os pensamentos obsessivos eles não irão sair da mente, há um medo muito grande de que estes pensamentos levarão a ações, ou estão antecipando uma realidade desastrosa, e embora estes pensamentos obsessivos não são uma ameaça, a mente da pessoa com TOC confunde a presença deste pensamento com um perigo real, então vão em busca de tentar vários tipos de técnicas para eliminar estes pensamentos indesejáveis, mas a realidade é que nenhuma destas técnicas será eficaz.

Duas técnicas para os pensamentos intrusos

Primeira técnica: aceitar o pensamento obsessivo como se fosse um companheiro ao seu lado, quando ele chegar, você pode cumprimentá-lo, dizendo algo como: Bom dia, você chegou? E se manter tranquilamente diante deste intruso.

Segunda técnica: Imaginar que se trata de um palhaço querendo fazer palhaçada e você está conversando com outra pessoa, então você não dá importância a este “palhaço”. Como todo palhaço, para que ele continue fazendo palhaçadas é necessário que a plateia de rizada do que faz, se ninguém na sala der atenção, ele simplesmente vai embora, como se não tivesse entrado.

Então você pode escolher entre conviver com o pensamento intruso como um companheiro e se manter tranquilo em relação a este pensamento ou escolher ignorá-lo, e perceber com o tempo que ele foi embora e você nem notou.

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Escrito por: Jane Assunção Paparotti Queirós –

Psicóloga CRP 06/157932

Este texto foi escrito com base no livro:

Leahy R.L. Livre-se da ansiedade, Porto Alegre, Artmed, 2011